segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Rotina diária!







A maioria das pessoas quando pensa em Ayurveda pensa em ghee (manteiga clarificada) e óleos. É verdade o ayurveda usa e abusa dos óleos para desintoxicar e nutrir o corpo. 

A auto-massagem com óleo faz parte do dinacharya (a rotina diária ayurvédica). No início parece uma logística impossível massagear o corpo antes de sair de casa para a correia da vida. Mas depois que se sente os benefícios na pele e nas articulações fica fácil de acordar um pouco mais cedo para alimentar o seu corpo.

Para os praticantes de ashtanga vinyasa yoga a oleação é essencial. O ideal é passar o óleo depois da prática pela manhã. 

Massageie o corpo todo e deixe o óleo por uns 15 minutos, depois tome um banho quente (não use sabonete sobre o corpo). Você vai sentir um restinho de óleo ainda sobre a sua pele, deixe ele ali, trabalhando para você ao longo do dia. Esse ritual ajuda a lubrificar as articulações e eliminar as toxinas.

No frio o ideal é usar óleo de gergelim, principalmente para aqueles de constituiçāo Vata ou com agravamento de Vata (que uma das manifestações é o ressecamento da pele).

O óleo de gergelim tem inúmeros benefícios curativos. Nutre a pele, aquece o corpo, acalma o sistema nervosa, melhora a circulaçāo, ajuda na desintoxicaçāo (porque estimula o sistema linfático), reduz a dor e rigidez muscular, melhora a produçāo de colágeno. 

Para melhor aproveitamento aqueça o óleo em banho-maria, ainda mais se estiver aquele frio.

No verão o óleo de coco é a melhor opção, pois tem efeito refrescante. Para as pessoas de constituição pitta é o óleo mais indicado. Nesse caso, você nem precisa aquecer em banho-maria. É só aplicar, tomar um banho e pronto. Quando está muito, muito quente gosto de aplicar o óleo de coco a noite, antes dás 22 horas (horário pitta). 

Aplicar algumas gotas de óleo de coco no topo da cabeça também ajuda a refrescar. Dica indispensável para aqueles pitta que perdem a cabeça, naqueles dias abafados e quentes!

Óleo de gergelim e de coco é fácil de encontrar hoje em dia em qualquer loja de produtos naturais e até mesmo nos supermercados. Só fique atento, pois ambos os óleos devem ser prensados a frio.

Bom dinacharya a todos!



segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Parampara







Gostaria de ter postado esse texto no dia dos professoras, mas o tempo corre aqui em Mysore e acabei não escrevendo. Queria falar um pouco sobre o princípio do parampara que é umas das razões de tantas visitas que faço à Índia.

O parampara data de milhões de anos e faz parte da tradição de ensino na Índia.  Talvez um dos princípios mais importantes para a manutenção do conhecimento antigo indiano.

No parampara  o conhecimento é transmitido por sucessivas gerações, do  guru ao discípulo durante anos, numa fluidez perfeita e em respeito a tradição.  O aluno/discípulo  passa anos  em contato direto com o professor/guru  absorvendo o conhecimento numa crescente, em busca da sabedoria. Esse processo leva anos,  principalmente para nós ocidentais que não temos esse princípio norteando as nossas vidas.  

A primeira vez que cheguei em Mysore racionalizava tudo, enquadrava tudo em bloquinhos minúsculos que diminuíam o meu campo de visão. Estava caminhando ao contrário do que o yoga me mostrava. Precisava parar de querer respostas objetivas.

Quando algumas fichas foram caindo o campo de visão foi se abrindo lentamente, as respostas as minhas perguntas tornaram-se enriquecedoras histórias interpretadas através do coração e não da razão.

O aluno precisa ter os 3 d, segundo o Sharat, que são: dedicação, devoção e disciplina. Sem esses 3 d a ansiedade afasta a paciência e o processo de aprendizagem não acontece. Então o fluxo do conhecimento é bloqueado e é quando começamos a  pular de galho em galho movidos pela motivação errônea de querer respostas rápidas.

No princípio do parampara existe um professor que é a fonte de conhecimento e só. Isso parece meio radical pela nossa visão ocidental, mas é o que traz estabilidade para a mente e para o coração.

Nessa trajetória ambos: professor e aluno têm deveres. O aluno se entrega ao conhecimento com o coração aberto e o professor ensina tal qual a tradição foi lhe ensinada.

No livro Astanga Yoga Anusthana, lançado recentemente por Sharat Jois. Na dedicatória ele fala sobre o parampara e diz:

“Guruji se comprometeu a passar o conhecimento da prática exatamente como foi ensinado por Krishnamacharya. Ele levou anos aprendendo até que chegou o momento de ensinar. Guruji seguiu tal qual os ensinamentos de seu professor. Isso é parampara, que significa a sucessão ininterrupta,  direta e inquebrável da transmissão do conhecimento do professor ao aluno”.

Essa é a razão pela qual eu e muitos praticantes de ashtanga yoga vem a Mysore. Viemos beber dessa fonte direta do conhecimento do ashtanga yoga que hoje é representado por Sharat Jois.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Upma - café da manhã do Sul da Índia

Upma, que quer dizer farinha em Kannada (o idioma aqui de Mysore) é uma das opções de café da manhã indiano que mais gosto. 

É tradicional do Sul da Índia e do Sri Lanka.

 A base de semolina pode-se se acrescentar vegetais de sua preferência. 

Vai aí a receita para sair a versão brasileira:

Ingredientes

  1. Semolina ou farinha de cuscuz, painço também pode ser usado- 1 xícara 
  2. óleo de coco ou ghee - 4 colheres de chá 
  3. semente de mostarda - 3 colheres de chá 
  4. cominho - 1 colher de chá 
  5. Gengibre relado
  6. Pimenta verde cortada em fatias - 3 
  7. Cebola cortada em cubos - 1/2 
  8. Sal
  9. Vegetais de sua preferencia 
  10. Coco ralado - 4 colheres de sopa
  11. Suco de um limão 

Preparo 


  1. Coloque a semolina numa frigideira para tostar 
  2. Aquece o óleo numa panela separada e adicione as sementes de mostarda e espere até que comecem a saltar,
  3. Coloque o cominho, gengibre, pimenta e a cebola, frite até a cebola pegar uma cor,
  4. Adicione os vegetais e dois copos de água, deixe ferver, 
  5. Adicione a farinha e mexa bem. A farinha vai absorver a água.

Pronto! Agora e só polvilhar com coco ralado e jogar o suco de limão por cima. Para quem gosta pode adicionar uma folhas de coentro também.

Enjoy!!!


domingo, 13 de outubro de 2013

Conferência - programa de domingo!

Aos domingos o Sharat faz uma conferência, onde todos se encontram com o professor para ouvir assuntos relacionados com a prática de ashtanga yoga. 

Hoje foi a primeira conferência desde que o shala abriu as portas. Sharat iniciou falando brevemente sobre a história do ashtanga yoga, dizendo que Patabhis Jois quando abriu a sua primeira escola chamou de ashtanga yoga research (pesquisa do ashtanga yoga). Deu esse nome porque a prática de yoga é realmente uma pesquisa, mas uma pesquisa que cada um faz de si, através da prática. Assim, na medida em que praticamos devemos pesquisar e se aprofundar em nós mesmos como objeto de pesquisa para nosso desenvolvimento na prática. É uma pesquisa interna e individual, que nos leva ao conhecimento cada vez mais profundo da prática e, consequentemente, de nós mesmos. Não podemos pesquisar o outro, podemos apenas ensinar asanas. A pesquisa e o desenvolvimento é de cada um. E o esforço individual é a chave para o aprofundamento. 

Essa pesquisa inicia com asanas, sendo o primeiro passo para chegar ao samadhi. Porque são os asanas que trazem estabilidade para o corpo e a mente. Depois dos asanas conseguimos aos poucos ir introduzindo os yamas e nyamas (as condutas éticas do yoga). Só assim, adquirimos uma prática espiritual sólida. Praticando os asanas purificamos o corpo e a mente e assim os outros elementos que compõe a prática podem ser alcançados. 

As quatro primeiras partes do yoga que sāo: yama (abstinência), niyama (observância), asana (postura), pranayama (controle da respiraçāo) são condutas externas que requerem esforço individual do praticante. Após estabilizar esses elementos externos é que as outras 4 partes do yoga podem ser alcançadas, que sāo: pratyahara (exclusāo dos sentidos), dharana (concentraçāo), dhyana (meditação) e samadhi (contemplação, absorçāo ou estado de superconsciência).  

Essa é a prática: simples e complexa ao mesmo tempo. Um grande presente para aqueles que se identificam com esse caminho e se desenvolvem através dele. Essa prática mostra a riqueza simples da vida.  

É uma bençāo termos esse métodos hoje espalhado pelo mundo e beneficiando tantas pessoas. 

Obrigada Guruji por ter nos deixado esse lindo tesouro.

Namastê _/\_


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Feliz de estar em Mysore!


Feliz de estar mais uma vez na cidade onde ashtanga yoga vibra!

A primeira prática é sempre emocionante e o primeiro mantra é de arrepiar. Não sei explicar, mas vem uma emoção involuntária, em que se mistura liberdade, devoção, respeito, gratidão e amor.

Normalmente o Sharat abre a temporada do shala com uma semana de aula guiada da primeira série. Esse ano ele foi mais bonzinho e resolveu iniciar com dois dias apenas. Ufa!!!! Aqui a prática é sempre mais puxada, mesmo que seja a primeira série na primeira semana. As contagens do Sharat são mais lentas do que as da minha mente quando estou praticando sozinha durante o resto do ano. Então é normal ficar um pouco dolorida até o corpo se acostumar com o ritmo de Mysore. Depois virão outras dores decorrentes de novos asanas, mas essa é a trajetória de purificação e fortificação do corpo.  A mente também reclama das contagens, mas é só abrir o coração e se render ao ritmo do Sharat que a mente acalma e a respiração nutre o corpo como um bálsamo. Uma sensação maravilhosa de entrega, chega e a mente é purificada e os pensamentos se anulam. Essa é a grande benção de estar aqui e é o momento em que sinto ainda mais o yoga presente em mim.

Rever os meus amigos ashtanguis também é uma grande alegria.  Embora hoje com o skipe consiga me manter conectada com alguns, mas não tem nada melhor do que estar perto deles para conversar, devanear e saber das novidades.

Aqui é onde praticantes do mundo todo se encontram, unidos através da prática de yoga. As fronteiras se quebram, as culturas se mesclam, e união passa ser a nossa rotina. Os assuntos são os mesmos e as discussões enriquecedoras. Em sânscrito chamamos isso de sangha. A união de pessoas que se unem através de uma prática espiritual com um objetivo em comum.

No budismo antes de iniciar qualquer prática tomamos refúgio no budha, no dharma e na sangha. Esses são os três pilares que mantêm a prática viva. O mestre ou professor, o dharma os ensinamentos, e a sangha, o grupo de praticantes. Assim, a prática se torna sólida e consistente quando nos conectamos com esses três pilares.

Durante o ano praticando em casa, a conexão com o professor está sempre presente na recitação do mantra inicial e nos insights que vem durante a prática, o dharma é expresso no método, e a sangha continua viva  quando vejo os meus alunos solidificando o seu compromisso com a prática através da energia que eles geram.

Então agora é o momento de tomar refúgio direto na fonte, longe da correria da vida comum e mergulhar novamente nesse mundo de Mysore que tanto têm para ensinar. Esse ano a sangha está ainda mais especial repleto de amigas brasileiras!

Vou postando aos poucos as novidades, saudades de todos e dos meus alunos que tanto me inspiram para estar aqui.

Beijos e até breve!!!!

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Mousse de cacau!





É uma pena esconder o verdadeiro cacau atrás de quilos de açúcar, leite e aditivos químicos. No Brasil com essa  abundância de pés de cacau fui conhecer a semente numa das minhas viagens para Bali.

Logo que voltei comecei a procurar em lojas de produtos naturais  e nada. E isso que estava na época morando na terra do cacau,  Bahia. Um dia enfim encontrei as sementes cruas e orgânicas num restaurante natural em Salvador.  Hoje já é mais fácil encontrar em algumas lojas de produtos naturais, como o Mundo Verde, por exemplo, que vende o cacau em forma de nibs da marca Planeta Cacau. 

Me apaixonei tanto por essa semente irresistível que hoje vendo também uma marca super legal lá da Bahia e tenho um pé de cacau na minha casa, tentando sobreviver a esse frio do sul.



O cacau é vendido de três formas: nibs (quando a semente é “quebrada”), semente (que tem o formado de uma amêndoa), manteiga e em pó. Na forma de nibs você pode usar para polvilhar as frutas e também em  batidas. As amêndoas ficam uma delícia com um cafezinho! A manteiga é um ótimo hidratante para o corpo. 

                       
            O cacau tem inúmeros benefícios quando consumido cru, não é a toa que era usado como moeda de troca entre os astecas e os maias, ao invés do ouro. Tem mais antioxidantes do que o mirtilo, o açaí, o goji e a romã juntas. Tem alto teor de magnésio, por isso é a melhor opção sem dúvida para saciar o desejo de chocolate durante a TPM. Tem ferro, cromo, manganês, zinco, vitamina C, omêga-6 (que quando cozido se transforma em gordura trans – CUIDADOOOOOO!!!!). Além de tudo isso ainda é afrodisíaco.

O ayurveda  entende que o cacau deve ser consumido em moderação, pois pode agravar vata pelo seu efeito secante e leve,  kapha por ter efeito pós digestivo doce, e pitta pelo seu efeito aquecedor. Portanto use em moderação!


Bom, então vamos lá  para a receita:

Ingredientes

2 xícaras de castanha de caju
2 colheres de cacau orgânico em pó
10 gotas de óleo essencial de cacau
½ xícara de nibes de cacau

Modo de preparo

Deixar as castanhas de caju de molho por 8 horas.

Depois de macias bater no liquidificador as castanhas de caju acrescentando água aos poucos até ficar numa consistência de mousse. Acrescentar o cacau em pó e o óleo essencial. O momento para acrescentar o nibes de cacau vai depender do gosto de cada um. Eu sempre gosto de sentir que estou mastigando alguma coisa, por isso coloquei os nibs de cacau depois de pronto e misturei com uma colher de pau. Se você gosta de efeito mais mousse então coloque junto no liquidificador com os outros ingredientes. E pronto! Fácil, rápido e o mais importante SUPER SAUDÁVEL!