segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Parampara







Gostaria de ter postado esse texto no dia dos professoras, mas o tempo corre aqui em Mysore e acabei não escrevendo. Queria falar um pouco sobre o princípio do parampara que é umas das razões de tantas visitas que faço à Índia.

O parampara data de milhões de anos e faz parte da tradição de ensino na Índia.  Talvez um dos princípios mais importantes para a manutenção do conhecimento antigo indiano.

No parampara  o conhecimento é transmitido por sucessivas gerações, do  guru ao discípulo durante anos, numa fluidez perfeita e em respeito a tradição.  O aluno/discípulo  passa anos  em contato direto com o professor/guru  absorvendo o conhecimento numa crescente, em busca da sabedoria. Esse processo leva anos,  principalmente para nós ocidentais que não temos esse princípio norteando as nossas vidas.  

A primeira vez que cheguei em Mysore racionalizava tudo, enquadrava tudo em bloquinhos minúsculos que diminuíam o meu campo de visão. Estava caminhando ao contrário do que o yoga me mostrava. Precisava parar de querer respostas objetivas.

Quando algumas fichas foram caindo o campo de visão foi se abrindo lentamente, as respostas as minhas perguntas tornaram-se enriquecedoras histórias interpretadas através do coração e não da razão.

O aluno precisa ter os 3 d, segundo o Sharat, que são: dedicação, devoção e disciplina. Sem esses 3 d a ansiedade afasta a paciência e o processo de aprendizagem não acontece. Então o fluxo do conhecimento é bloqueado e é quando começamos a  pular de galho em galho movidos pela motivação errônea de querer respostas rápidas.

No princípio do parampara existe um professor que é a fonte de conhecimento e só. Isso parece meio radical pela nossa visão ocidental, mas é o que traz estabilidade para a mente e para o coração.

Nessa trajetória ambos: professor e aluno têm deveres. O aluno se entrega ao conhecimento com o coração aberto e o professor ensina tal qual a tradição foi lhe ensinada.

No livro Astanga Yoga Anusthana, lançado recentemente por Sharat Jois. Na dedicatória ele fala sobre o parampara e diz:

“Guruji se comprometeu a passar o conhecimento da prática exatamente como foi ensinado por Krishnamacharya. Ele levou anos aprendendo até que chegou o momento de ensinar. Guruji seguiu tal qual os ensinamentos de seu professor. Isso é parampara, que significa a sucessão ininterrupta,  direta e inquebrável da transmissão do conhecimento do professor ao aluno”.

Essa é a razão pela qual eu e muitos praticantes de ashtanga yoga vem a Mysore. Viemos beber dessa fonte direta do conhecimento do ashtanga yoga que hoje é representado por Sharat Jois.

2 comentários:

  1. Oi Laura, agardezo o post, obrigada na verdade. Eu practico ashtanga na patagonia, nao es possivel pra mim por agora viaggiar a Mysore, o mais perto va ser matthew vollmer no brasil pra 2014 (otimo!). Na verdade gostei muito xe è o sentimento que eù sto vivenciando agora mesmo: Namaste.

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  2. Oi Matri, fico feliz que tenhas gostado. O Matthew Volmer é maravilhoso. Adoro! Boas práticas com ele. beijos

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